Fala aí, Disconectors!
Hoje, vamos desmistificar uma lenda urbana do vinil que a gente ouve muito por aí e há anos.
Há alguns meses, assisti uma entrevista do Pois agora, a gente tem a visão de quem fabrica, de quem tá no dia a dia, no chão de fábrica.
Há pouco tempo, o Michel Nat, que é proprietário da Vinil Brasil, deu uma entrevista muito legal no Altcast, um podcast que recomendo pra caramba. E ele, como um cara técnico, que estuda e trabalha com isso há anos, falou justamente sobre essa lenda: disco de vinil colorido não presta.
Sabe aquela história de que o vinil transparente é o melhor? Ou que o disco preto tem áudio superior?. Muita gente por aí, que "se acham entendidos", "sabem tudo de tudo", praticam regras sem ter essa propriedade.
Michel Nath, com toda a propriedade de causa, explica o seguinte:
A primeira coisa que a gente tem que entender é que, se você tem o mesmo disco em cores diferentes, a mesma Master, o mesmo metal e foi cortado pelo mesmo cortador de acetato, no mesmo lugar, e o mesmo estampo que fez o disco. Essas são coisas que nós, consumidores comuns, não estamos ligados, não temos esse conhecimento na mão. Esse conhecimento está na fábrica, no lado fabril da coisa.
Ele vai na jugular dessa lenda. Presta atenção nisso, porque é super importante e desmistifica muita coisa.
O plástico base do vinil, fundamentalmente, é transparente. Ele até é levemente amareladinho, e eles colocam um alvejante (aquele produtinho azul que vai na roupa!) pra ele ficar transparente, nessa cor que a gente vê no vinil transparente. Você consegue ver através dele.
Então, por que a galera fala que o disco transparente é o melhor? Porque é visto como o "mais puro". Tecnicamente, essa é a explicação para essa crença, segundo Michel. E segue:
Agora, quando você coloca pigmento, que que as pessoas têm que entender? Pigmento é um agente estranho que você coloca no disco apenas com a função de deixar ele colorido.
No caso do pigmento preto, ele tem algumas funções funcionais na fábrica. Ele absorve todas as outras cores, absorve sujeira. Isso ajuda no processo da máquina.
É normal que, durante o processo, apareçam pequenas imperfeições, tipo pontinhos pretos em discos coloridos adverte Michel Nath, e é categórico em sua fala:
Isso não é nada, mano! Parte do processo!. Se o áudio tiver legal, não vai ser uma pintinha que vai fazer daquele disco uma merda. Isso é muito preciosismo.
Ele ainda explica no vídeo que cada pigmento tem uma característica, vem de uma matéria-prima diferente. A matéria que faz o amarelo não é a mesma que faz o azul, o verde, o branco (branco é muito difícil!). O preto é o carro chefe por ser o melhor dos pigmentos em termos de nível de ruído de fundo, tem funções funcionais.
Sim, existe uma nuança muito pequena entre as cores. Mas é MUITO PEQUENA. Num teste cego, onde você só mudou a cor, mas usou o mesmo plástico e o mesmo estampo, você não vai conseguir ver diferença significativa. Não tem como você falar "Porra, esse é o disco transparente, olha o disco preto/amarelo!". Segundo ele, isso é preciosismo e frescura.
Para você conseguir perceber essas nuances mínimas de qualidade que a cor poderia gerar, você tem que ter um puta equipamento, um puta ouvido e uma puta atenção. É um nível de audiofilia altíssimo.
Vou dar o exemplo do fone que eu adquiri da Kuba e fiz um review dele no Youtube. Como eu mostrei no vídeo, a diferença entre um fone simples e um top como o da Kuba, é gritante, a gente percebe fácil. Mas a diferença de qualidade pela cor do disco? Cara, tu tem que ter um sistema High-End. Quantos amigos você conhece que têm isso? Poucos, né?.
Os fatores que REALMENTE influenciam na qualidade sonora do disco final são a matéria-prima usada, onde foi fabricado, a qual a prensagem, e principalmente, a masterização e o corte do acetato. Isso sim faz diferença. A cor é secundária na vasta maioria dos casos.
Então, qual a moral da história? Diante dessa realidade técnica e da dificuldade de perceber qualquer diferença pela cor, a recomendação do Michel Nath é simples e pra mim, perfeita. Escolha o disco que te faz feliz!. Escolha a cor que orna com o material gráfico, pense nele como uma peça estética de arte visual, porque também é. Escolha o que você tá a fim e seja feliz.
Acima de tudo, não podemos esquecer que o vinil é lindo, é incrível, mas o que REALMENTE importa é a música que tá ali. Se você colocar o disco e tiver um puta som, missão cumprida!.
Então, Disconectors, a lenda de que vinil colorido não presta? Segundo a visão técnica de quem fabrica e vive isso no dia a dia, é MITO. As diferenças são mínimas, imperceptíveis para o ouvido humano comum, sem equipamento de ponta.
Espero que isso ajude a clarear as coisas!
Que que vocês acham disso? Concordam com o Michel Nat? Deixa nos comentários!